O blog NutriAtivo é o mais novo canal de comunicação entre os movimentos apoiados pela VP socioambiental e as pessoas interessadas em alimentação saudável, solidária e sustentável. Aqui todos vão poder acompanhar as ações que esses movimentos realizam, ver as fotos de eventos, saber de cursos e encontros, além de receber informações sobre agroecologia e comércio solidário. Irão se revezar nesse espaço, posts sobre o MUDA, a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida e CSA Brasil.
sexta-feira, 17 de julho de 2015
quarta-feira, 1 de julho de 2015
De urtiga a flores, chefs adotam plantas incomuns na cozinha
A
má fama da urtiga é grande. Quem vem da roça adora contar "causos" do
estrago que a danada faz na pele. Mas ela não é de todo ruim.
Experimente empanar as folhas com ovo e
farinha de rosca. Frite e coma sem medo —se queimar a boca, a culpa é do óleo
quente, já que a planta perde o poder irritante depois de cozida. Fica com
gosto de peixe. Inusitado?
Pois a urtiga e outras 350 espécies estão
listadas no livro "Plantas Alimentícias Não Convencionais no Brasil",
lançado pela editora Plantarum em 2014. Em 768 páginas, Valdely Kinupp e Harri
Lorenzi falam sobre elas, as Pancs, não necessariamente desconhecidas, mas nem
sempre vistas como alimento.
São espécies rústicas, que não necessitam
de trato no cultivo e podem brotar espontaneamente em terrenos baldios. Não
raro, são confundidas com ervas daninhas.
"Muito do que é tido hoje como não
convencional já foi consumido no passado e, por algum motivo, o hábito se
perdeu. O objetivo é resgatar esses sabores e driblar a monotonia à mesa",
prega Kinupp.
Foi batendo na tecla dos novos sabores
que o pesquisador fisgou a atenção de chefs como Helena Rizzo, do Maní.
Apresentou-lhe o lírio-do-brejo, que logo virou sorvete.
"Foi uma descoberta e tanto. A raiz
lembra gengibre e a flor, perfumadíssima, parece jasmim", diz Helena, que
cata a espécie toda vez que vai para o litoral. "Tem aos montes na beira
da estrada."
A chef conta com fornecedores do
lírio-do-brejo para os preparos no restaurante. Mas o fato de as Pancs terem
baixa popularidade e não serem cultivadas em larga escala —qualidades que as
definem, diz Kinupp— faz com que a sua oferta seja pequena também.
Pensando nisso, Ivan Ralston, do Tuju,
resolveu cultivar a própria horta no restaurante, com cerca de 200 espécies.
"Plantamos o que não encontramos no mercado."
Ali florescem beldroega,
espinafre-da-nova-zelândia, feijão-guandu e outras espécies que dão
personalidade aos pratos da casa.
Uma das receitas, por exemplo, é o Buquê
de Pancs, com alface romana servindo de cesta para folhas de caruru, tatsoi,
ora-pro-nóbis, capuchinha, trevo-roxo e espécies comuns, como chicória. Para
comer com as mãos.
No Esquina Mocotó, a capuchinha também
vem da horta própria e vira comida nas mãos de Rodrigo Oliveira —a folha dá
graça à receita do pirarucu com cuscuz de farinha uarini e castanha-do-pará.
Já o chef Alex Atala usa no restaurante
D.O.M. plantas como ora-pro-nóbis —no prato amazônico chibé, que leva frutos do
mar e farinha de mandioca.
Apesar do pouco mercado, também é
possível levar Pancs para casa em São Paulo. O projeto Muda (Movimento Urbano
de Agroecologia) organiza a venda de espécies todos os domingos na feira
orgânica do shopping Villa-Lobos.
"Tem muita gente que não compra Panc
porque não faz ideia do que fazer com aquilo. Nosso trabalho é, além de
oferecê-la, orientar seu preparo", diz Guilherme Ranieri, educador
ambiental do Muda e autor do blog "Matos de Comer".
Confira a matéria completa na Folha de São Paulo.
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